AOS CAROS LEITORES
A Revista Bonijuris fez circular uma pesquisa qualitativa destinada aos clientes e assinantes da publicação. Trata-se de um questionário simples e objetivo que, em resumo, traz a seguinte indagação: quem é e o que quer o leitor?
Contemplam esse questionamento a história da revista e a sua vocação. A Bonijuris nasceu em 1989 como um boletim periódico destinado a contribuir com informações, serviços e artigos jurídicos relevantes aos operadores do direito.
A evolução foi natural. Em breve, o boletim tornou-se uma revista mensal, que incorporava, além da doutrina, acórdãos em destaque, ementários titulados e as súmulas recentes dos tribunais superiores.
Ao chegar ao seu ano 30, em 2018, a Revista Bonijuris, tomou um rumo ambicioso: ganhou um novo projeto gráfico e editorial, 280 páginas, edição bimestral, roupagem jornalística, distribuição nacional e circulação impressa de 4 mil exemplares. Sem, entretanto, abandonar seu objetivo principal: servir como ferramenta de consulta e informação ao profissional de direito, em qualquer instância do judiciário ou da academia.
Erram aqueles que não veem na Bonijuris uma revista científica consolidada. Erram também aqueles cuja arrogância stricto sensu provoca o depauperamento do ensino do direito, julgando que ele estaria limitado a um grupo de eleitos – um time de doutores, de pós-doutores, de PhDs com pouca ou nenhuma intimidade com o ius in praxe.
Em seu rigor crítico e técnico, em sua revisão apurada, em sua seleção de artigos criteriosamente selecionados, a Bonijuris orgulha-se de fincar raízes na iniciativa privada para tornar-se a maior e melhor revista jurídica do país. Impressa, abrangente, significativa, enriquecedora, apresentável, consistente e regular. Não uma aventura atemporal do academicismo precário, desprovido de Norte, Sul, Leste e Oeste. Notável criação de Shakespeare, o príncipe dinamarquês Hamlet indaga-se: “Poderei estar encerrado em uma casca de noz e me sentir rei de um espaço infinito?” Há quem admita essa limitação de horizonte. Não a Revista Bonijuris.
A pesquisa de opinião ora em progresso está umbilicalmente ligada ao tema escolhido para a capa desta edição: o direito 4.0, a tecnologia como instrumento de um paradigma judicial. Nos detemos naquilo que pode ampliar, não limitar o conceito de ciência jurídica. Naquilo que pode dilatar, não restringir a maneira de ensinar e aprender o direito. Naquilo que pode trazer à tona e não fazer imergir em águas profundas a pesquisa acadêmica.
É da interação social e de seus conflitos que criam-se e interpretam-se as leis. Para tanto, não pode o direito espelhar-se em si mesmo como um Narciso. A pena para tal crime é conhecida: apaixonado por sua própria imagem, a vaidosa e arrogante personagem da mitologia grega definhou-se.